Nos campos e fora deles, o futebol

Não é exagero dizer que de quatro em quatro anos o mundo – ou quase todo ele – se volta para um dos maiores espetáculos existentes: a Copa do Mundo de futebol. Não quero aqui entrar no mérito de ser o maior evento esportivo ou não – há debates e pesquisas, inconclusivos, sobre essa eterna disputa entre a Copa, os Jogos Olímpicos, a NBA, o Super Bowl e até mesmo o Tour de France.

Nesta edição ocorrida no Qatar – sede que por si só já gera centenas de debates e questionamentos –, vimos de tudo um pouco. Uma divisão sobre torcer ou não para seleção brasileira, herança (ou praga?) dos ferimentos expostos em nossa sociedade. Voltamos, será, a ter o complexo de vira-latas? Também nos empolgamos com as zebras e torcemos para aqueles países, em especial as seleções africanas, que, embora já tenham conquistado sua tradição no futebol ainda não tiveram uma vitória que os qualifica como “um dos grandes”.

Ainda no campo, presenciamos dois craques jogando o fino da bola: Messi e Mbappé, protagonistas dos finalistas Argentina e França. Final que coroou não somente o campeonato dos nossos hermanos, mas fez jus ao melhor jogador deste século. Messi fez por merecer sua Copa e o jovem Mbappé demonstrou mais uma vez que é o próximo da fila de sucessão ao trono. Trono que ainda reserva o seu lugar para o rei Pelé, que enfrenta uma batalha contra o câncer.

O que quero apontar a você, caro leitor, é o mesmo que as crônicas e os ensaios publicados neste encarte da Úrsula já abordam: o futebol não é simplesmente o jogo que acontece dentro das quatro linhas, naqueles 90 minutos ou mais. Esporte – não apenas o futebol – é cultura e, portanto, um importante elemento social para a transformação do que conhecemos como sociedade. Sendo o futebol a mais popular das modalidades esportivas, temos que pensá-lo para além do campo: para a sua capacidade de mobilização e formação social, política e econômica. Para o entretenimento também e, claro, para a competição em si. Há muitas formas de ver o futebol, especialmente numa Copa do Mundo, mas nunca com lentes de alienação.

Autor

  • Jornalista formado pelo Centro Universitário FIAM-FAAM, pós-graduado em Mídia, Informação e Cultura pelo Centro de Estudos Latino-Americanos sobre Cultura e Comunicação (Celacc), da Escola de Comunicação e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP). Sua pesquisa focou a produção musical independente. É editor no Itaú Cultural.

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