Allez les bleus, Maradona!

Entre a reverência a um jogador imenso e o amor ao futebol bem jogado

Camisas de Messi e Mbappé, respectivamente jogadores das seleções da Argentina e da França, à venda | imagem: Marco Verch

Em 2018, na primeira semana da Copa, falei que a França ia ganhar. O Twitter não me deixa mentir. Lembro que riram de mim. Falaram que iam ganhar só porque eu queria. Queria. E ganhou. Aliás, não lembro de ter visto uma final tão bonita e com tantos gols. Sem querer me gabar, mas vale citar que acertei que a final seria contra a Croácia.

Evidência da profecia

2022 e sigo apaixonada pela seleção francesa. Aliás, minha simpatia empolgada começou em 1998. O grupo não era esse atual. Sim, foi Zidane quem me chamou pra festa. Por gostar muito de futebol, ali na Copa de 98, ao invés de ficar com raiva do time que tirou o título do Brasil, consegui enxergar a beleza daqueles jogos. Zidane, aliás, jogava como quem dança. Inesquecível. E admirar a França, que sempre chega quieta, diante da arrogância dos narradores e comentaristas brasileiros, está cada vez mais fácil. Quem ainda acredita no “medo” que a amarelinha causa? Acho que só eles.

Para não ficar apenas como fã, esse ano disse que estava entre França e Argentina. Romanticamente, idealizei a última Copa de Messi vencida pela seleção dele. A estreia da Argentina na semana do aniversário de dois anos de morte de Maradona também me ajudou a apostar nos hermanos. Não apostei dinheiro, vale dizer. Nem em 2018, quando talvez tivesse ganho uma boa graninha. Apostei nos argentinos apenas com paixão e reverência ao final da carreira de um jogador imenso. Mas a verdade é que não vinha acompanhando a seleção deles como acompanhei os franceses nos anos que antecederam 2018.

Daí que coloquei despertador para 6h30 nesta terça-feira. Em situações normais, poderia acordar duas horas depois. Messi e sua turma em campo, e eu louca de sono, mas com aquela sensação de “acordei para ver o campeão”. Eles fizeram tantos gols impedidos, que confesso ter sido isso o que mais me desanimou. Claro que a Arábia Saudita teve méritos. O maior deles: não se entregar e/ou diminuir. Mas aqueles gols impedidos realmente me fizeram lembrar do time de futebol de salão que integrei com oito anos, e que não fazia ideia de nenhuma regra do jogo. Quando acabou a partida, o pensamento era: será?

No mesmo dia, a França estreou. E imagino que vocês saibam como foi. O primeiro jogo a parecer uma partida de Copa do Mundo. Levou o primeiro gol da Austrália, mas não se deixou abater pela surpresa do improvável. Giroud, que vi jogar ao vivo em 2014, deixou para fazer em 2022 os gols que não fez em 2018. Mbappé, que adoro, também fez. Torço pelo colonizador (a cidade onde nasci, aliás, foi fundada por franceses), mas também torço pelo jogador que já chegou ao Catar encarando comentários transfóbicos, xenófobos e racistas.

Os arrogantes comentaristas brasileiros ficaram meio sem ter o que dizer da seleção francesa tão desfalcada (perdeu oito jogadores, inclusive, Benzema, o atual melhor do mundo) e, mesmo assim, tão eficiente.

Estreia péssima da Argentina. Estreia bonita da França. Falei que a final ia ser entre as duas, com vitória da Argentina. Meu coração aos pulos ontem deixou evidente que sigo vibrando pela seleção francesa. Adoro ver esse time jogando. Tudo pode acontecer com as duas seleções, nos próximos jogos. O jogo pode virar, apesar de eu achar pouco provável. O fato é que aquela certeza de 2018 não tenho mais. O que ainda tenho ~ e espero ter para sempre ~ é o amor ao futebol elegante e bem jogado. E aí dá les bleus.

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