A posição de Ficino sobre Aristóteles dentro do debate renascentista

Preferir Platão ou Aristóteles? Ou: aquém dessa disputa, uni-los?

Estátua de Aristóteles | imagem: Ahmed Sagarwala

No quadro da filosofia do Renascimento, o filósofo bizantino Gemistos Plethon iniciou um debate sobre as diferenças e semelhanças entre as filosofias de Platão e Aristóteles, polêmica cuja relevância foi imensa dentro do contexto cristão, tanto católico quanto oriental. Enquanto Plethon atacou duramente Aristóteles, acusando-o de ser um “sofista” e ateu dissimulado, provocando reações virulentas de aristotélicos como Georgius Scholarius, G. Trebizonda e Teodoro de Gaza, filósofos como Basílio Bessarion, Pico della Mirandola e Marsilio Ficino defenderam uma conciliação entre Platão e Aristóteles em função do cristianismo.

Veja também:
>> “Marsílio Ficino e a Prisca Theologia“, por Daniel Plácido
>> “Circo e Filosofia: Ensinando Aristóteles com Malabarismo“, por Meg Wallace

No presente trabalho, delinearemos e exporemos a posição particular de Marsilio Ficino a respeito de Aristóteles, à luz desse debate, a partir de quatro pontos principais: 1) introdução e contextualização do debate renascentista acerca de Platão e Aristóteles; 2) (a) a concepção de Ficino sobre Aristóteles como um seguidor da “teologia antiga” (prisca theologia) de Zoroastro, Hermes, Orfeu, Aglaofemo, Pitágoras e Platão; (b) a interpretação de Ficino de que a compreensão da obra aristotélica foi desvirtuada ao longo do tempo por filósofos como Alexandre de Afrodísias e Averroes; e (c) a concepção de Ficino sobre a filosofia de Aristóteles enquanto uma propedêutica à filosofia platônica, possivelmente inspirado no neoplatonismo.

O debate renascentista sobre Platão e Aristóteles

Durante o medievo na filosofia europeia, apesar da presença nítida do platonismo em autores cristãos como Santo Agostinho, Pseudo-Dionísio e São Boaventura, pode-se falar de uma predominância de Aristóteles, sobretudo pela disponibilidade de traduções latinas de muitas de suas obras, enquanto Platão era conhecido de forma parcial ou indireta (pelos diálogos Timeu e Parmênides), com poucas obras traduzidas de forma integral (como o Fédon e o Mênon). Essa situação mudará apenas no Renascimento, com a tradução de toda a obra conhecida de Platão (36 diálogos) do original grego feita pelo próprio Ficino, afora traduções de outros platônicos como Plotino, Jâmblico e Proclo. Não obstante a valorização de Platão, ao menos em termos de novas traduções, inclusive a de comentadores, Aristóteles continuará com larga vantagem, ainda que o aristotelismo renascentista (ou aristotelismos) seja diferente do medieval, pois era plural e mesmo sincrético1.

Conforme James Hankins, os filósofos e humanistas renascentistas queriam romper com o estreito repertório de textos aristotélicos que havia marcado a filosofia escolástica, assim procuravam melhorar a qualidade de seu ensino aprendendo grego, aperfeiçoando as traduções e ampliando seu conhecimento da tradição de comentadores cristãos, islâmicos e judeus. Fora das universidades e escolas, autores como Ficino queriam recuperar a antiga herança filosófica e teológica pagã, daí recorrerem ao platonismo antigo, ao ceticismo, ao estoicismo e ao epicurismo, inclinando-se para a teologia antiga (ou “teosofia”) do Egito antigo, Pérsia, Grécia ou Israel2.

Feitas essas considerações mais gerais, iremos introduzir o leitor no debate sobre Platão e Aristóteles travado no Renascimento, o qual foi iniciado pelo filósofo bizantino Giorgious Gemistos, dito Plethon.

Plethon esteve presente no Concílio da União ou Concílio de Ferrara-Florença (1438-1439). Ele tinha cerca de 80 anos de idade, acompanhava na Itália a delegação bizantina do imperador João VIII Paleológo3. O evento tentou reunir a Igreja ocidental e a Igreja oriental, separadas desde o século XI. Plethon era contrário à proposta de união, pois considerava que os bizantinos sairiam em desvantagem com ela. No final, a união das duas Igrejas foi aprovada pelo evento, mas não houve interesse político em colocá-la em prática, e a Queda de Constantinopla, pouco tempo depois (1453), acabou com qualquer projeto nesse sentido.

Plethon era um platonista radical, inclusive suspeito de flertar com o paganismo, mas sua inteligência e erudição sobre a cultura helênica eram objeto de admiração na corte real bizantina. Naquela época do Concílio, segundo o relato de George de Trebizonda, Plethon lhe teria dito4 que o paganismo helênico em breve substituiria o cristianismo e o islamismo como religião mundial5, previsão que, contudo, não se concretizou.

Ainda durante o Concílio, Plethon causou um impacto tão grande nos humanistas e eruditos italianos que estes chegaram a compará-lo a Platão e Sócrates, daí provavelmente a origem do apelido “Plethon”6. E suas exposições eruditas e eloquentes sobre a filosofia platônica tiveram impacto profundo especialmente sobre a figura de Cosme de Médici, tanto que ele, a partir dali, concebeu o programa de fundar uma “Academia Platônica” em Florença; ideia concretizada, cerca de vinte anos mais tarde, por seu protegido: Marsilio Ficino7. Em uma espécie de manuscrito-rascunho, possivelmente de 1464, Ficino aludiu à influência de Plethon sobre Cosme de Médici, afirmando ali que o platonismo teria migrado, com a Academia florentina, de Bizâncio para Florença8. Ficino cita novamente essa influência de Plethon sobre Cosme no proêmio de sua tradução das Enéadas de Plotino, de 14929.

Ainda no contexto conciliar, as exposições plethonianas, traduzidas do grego para o latim, resultaram em uma obra bastante polêmica sobre a diferença entre Platão e Aristóteles: De differentiis Platonis et Aristotelis, original de 1439. Nessa obra10, Plethon disse que:

Os gregos e os romanos da Antiguidade colocaram Platão muito acima de Aristóteles. Em compensação, os contemporâneos, mais precisamente os ocidentais, pretendem ser mais inteligentes do que eles e admiram mais a Aristóteles do que a Platão. Seguem, lamentavelmente, o árabe Averroes […].

Essa obra praticamente iniciou a longa controvérsia renascentista a respeito de Platão-Aristóteles, provocando reações de figuras como a de Giorgios Scholarius, ex-aluno de Plethon, em um texto de 1443. Plethon rebateu seu antigo aluno em sua Réplica a Scholarius (escrita antes de 1449), respondendo às acusações que lhe foram dirigidas de helenismo e heresia pagã, além de sustentar que Platão e os pitagóricos eram discípulos de Zoroastro11. Ulteriormente Scholarius, já na função de patriarca de Constantinopla, será responsável pela destruição póstuma quase completa do Tratado das Leis, a obra plethoniana mais importante, considerando inaceitáveis as teses filosóficas de seu antigo mestre e preservando apenas alguns trechos da obra que comprovassem sua natureza herética.

Desse debate, mais tarde, também participou o aristotélico George de Trebizonda, um emigrado bizantino que afirmou na obra Comparatio philosophorum Platonis et Aristotelis, de 1458: “Tenho odiado Platão desde a minha juventude. (…) Fui tomado de indignação por sua ingratidão, temeridade, petulância e impiedade”12. Por sua vez, o cardeal Basílio Bessarion, um outro emigrado bizantino e ex-aluno de Plethon que tinha presidido o Concílio da União, tendo migrado para a Igreja de Roma durante o evento, respondeu a Trebizonda em uma obra publicada em grego em 1459 (e depois em latim em 1469):

Quer ele [Platão] estivesse lidando com assuntos que fossem divinos, e portanto separados da matéria, ou com a ciência natural, a ética, a religião, o Estado, ou com o poder do discurso lógico ou da oração, ou com qualquer outra coisa, Platão mantinha o caráter de um filósofo, e nunca fugia do dever do filósofo…a investigação e a descoberta da verdade. Essa é a verdadeira filosofia. 13.

Bessarion era a favor da conciliação entre platonismo e aristotelismo14, mesma posição de Ficino e Pico della Mirandola.  Não por acaso, devido à Plethon ter fama de pagão e herético nos círculos de intelectuais humanistas, Ficino, um padre católico, citou-o poucas vezes, e talvez até teve uma hostilidade inicial para com ele, amenizada apenas a partir desse escrito de Bessarion que mostrava, ainda, a harmonia entre platonismo e cristianismo. A discussão sobre Platão-Aristóteles não acabou nesse momento, pois continuou mais tarde com Bruno, Patrizi e outros renascentistas.

Plethon criticou duramente Aristóteles15 considerando-o um ateu dissimulado. Plethon, além disso, era hostil com o cristianismo, visto que interpretava a ascensão histórica cristã como um abandono dos ideais helênicos. Plethon, em suma, considerava Aristóteles e os cristãos como “sofistas”, pois teriam se desviado da sabedoria helênica original, ligada, por sua vez, em sua interpretação, a correntes como o zoroastrismo16.

Não obstante, Plethon considerava o platonismo mais afim com o cristianismo do que o aristotelismo17, mas possivelmente sua crítica a Aristóteles era, também, uma crítica velada ao cristianismo, como Scholarios suspeitava18.

Segundo Granada, em síntese, parecia existir uma estratégia no ataque de Plethon pois, através dos latinos, devia saber da força de Aristóteles no Ocidente e de Averroes na Itália, escolhendo o aristotelismo como alvo para, justamente, fortalecer e elevar o platonismo filosoficamente19.

Ficino e a filosofia de Aristóteles

a) Aristóteles e os teólogos antigos

Ficino chegou a estudar na juventude o aristotelismo, e sabemos que sua aproximação com o platonismo foi gradual. Por volta de 1456 Ficino já defendia Platão e o platonismo na obra Instituições Platônicas, mesmo sem ter lido ainda Platão em grego. Amigos desaconselharam Ficino de levar adiante a publicação desse texto naquele momento, que, em todo caso, acabou perdido20. Não obstante, o conteúdo chegou até os ouvidos de Cosme de Médici e este se convenceu do talento extraordinário de Ficino21, escolhendo-o para liderar o projeto da Academia platônica, concebido sob influência de Plethon. Com o apoio de Cosme, Ficino traduziu toda a obra de Platão a partir de 1462-1463, além de textos clássicos como o Corpus Hermeticum e os Oráculos caldeus, entre muitos outros.

É igualmente desse período de juventude que Ficino começa sua elaboração da noção de prisca theologia ou teologia antiga, tema que perfilhará até o fim da vida (1499), e que acaba se relacionando com a discussão sobre Platão e Aristóteles. Inspirado em autores como Proclo e Plethon, e talvez Plutarco e Diógenes Laercio, sem falar de autores cristãos como Lactâncio, Clemente de Alexandria e Eusébio de Cesareia, Ficino sustentará a existência de uma teologia antiga, expressa por teólogos e sábios antigos como Zoroastro, Hermes, Orfeu, Aglaofemo, Pitágoras e Platão, que, apesar de antecedê-lo, estava em acordo com o cristianismo. Ficino viu nessa teologia antiga a união entre filosofia e religião, sabedoria e piedade religiosa, que lhe serviria para combater tanto o materialismo filosófico quanto o fanatismo religioso que diagnosticava na alta cultura de seu tempo.

Aparentemente, Ficino, em que pese sua admiração por Tomás de Aquino, não se referiu jamais ao nome de Aristóteles (nem de Sócrates) como um dos teólogos antigos. Ao mesmo tempo, em sua obra mais importante, escrita entre 1469-1472 e publicada em 1482, Theologia Platonica22, Ficino fará uma referência a Aristóteles junto ao tema da prisca theologia:

Finalmente, a alma pode ser algo divino, isto é, algo indivisível, inteiramente presente em cada parte do corpo e produzido por um autor incorpóreo, de modo a depender unicamente da potência de seu fator e não de um embrião de matéria ou de o fato de ser contida ou alimentada pela matéria, como nos ensinam os teólogos antigos, Zoroastro, Mercúrio [Hermes], Orfeu, Aglaofemo, Pitágoras, Platão, cujos passos o físico [naturalista] Aristóteles segue na maior parte de sua doutrina.

Ficino, portanto, não considerava Aristóteles um teólogo antigo propriamente dito, mas um físico (ou naturalista) que, não obstante, na maioria de seus textos, seguiu os passos desses antigos teólogos e que, portanto, não os contradizia, postulando assim um acordo entre platonismo e aristotelismo.

b) Alexandristas e averroístas

Ficino mais tarde traduziu as Enéadas, de Plotino, e no proêmio dessa tradução, escrita em 1490 e publicada em 1492, além de citar a influência decisiva de Gemistos Plethon sobre Cosme de Médici23,  afirmou que graças a Platão e Plotino os véus poéticos da teologia antiga puderam ser tirados, pois os poetas como Homero e Hesíodo, de um lado, permitiram que os mistérios divinos, impiedosamente, pudessem ser confundidos com fábulas bobas, já que não tinham sua chave interpretativa. Por outro lado, a filosofia, especialmente a da escola peripatética (aristotelismo), reconhecia que não se deve julgar a religião, pelo menos a do vulgo, como se julga as fábulas dos antigos.

Ainda nesse proêmio, Ficino comenta sobre a existência de duas seitas aristotélicas que, na realidade, negam a religião e a piedade: (a) a dos alexandrinos (nome derivado de Alexandre de Afrodísias), que acreditam que o intelecto é mortal, e (b) a dos averroístas, que acreditam que o intelecto é único (negando a imortalidade individual do mesmo jeito).  Ficino considerava que essas duas escolas fizeram leituras desviadas de Aristóteles, só compreendido correta e piedosamente por nomes como Pico della Mirandola (chamado de irmão platônico) e Plethon entre os contemporâneos, assim como no passado o fora por Teofrastro, Temístio, Porfírio, Simplício e Avicena24.

Neste momento, primeiramente, é interessante notar que Ficino citou Plethon como alguém favorável a Aristóteles, o que não se coaduna com as obras plethonianas. Esse aparente equívoco de Ficino é curioso, já que ele, sem dúvida, leu pelo menos parte das obras de Plethon e chegou a fazer anotações em seus manuscritos delas.

Em segundo lugar, a alusão à divisão entre alexandristas e averroístas era, na verdade, típica do debate renacentista25, em que o aristotelismo de origem medieval continua presente, porém a divisão feita por Ficino dos aristotélicos em dois grupos, segundo Bianchi, era exagerada e reducionista, já que o aristotelismo do período era polimórfico e sincrético26.

Basicamente, os averroístas defendiam que a alma era fundida no Intelecto único e comum a todos27, portanto negando a imortalidade individual da alma, enquanto os alexandristas defendiam que, apesar da alma ser individual, ela era material e mortal.

O averroísmo renascentista seria expresso principalmente por Nicoletto Vérnia, um dos mestres de Pico Della Mirandola, que entrou em conflito com autoridades religiosas por suas posições sobre a imortalidade da alma sensitiva28. Já o alexandrismo seria expresso por Pietro Pomponazzi. Este, ainda que conteste elementos da filosofia averroísta, como a unicidade do Intelecto em todos os seres humanos, defendia uma visão materialista da alma29. Pomponazzi concluiu, com Alexandre de Afrodísias, contra Averroes e Tomás de Aquino, que a visão de Aristóteles sobre a alma é a de que ela era material e mortal, o que o colocava contra o Concílio de Latrão, que não permitia a defesa de tal tese nem mesmo por bases puramente filosófico-racionais. Pomponazzi sustentou ainda o exame de questões filosóficas sem a interferência da teologia, apesar de afirmar (com sinceridade suspeita) que aceita a doutrina da Igreja sobre a imortalidade pessoal da alma, mesmo que a filosofia não a demonstre racionalmente, pois aquela tem uma autoridade divina superior ao pensamento humano falível30. Dessa forma, teria continuado a doutrina da dupla verdade, associada ao averroísmo latino, a qual implica que as verdades da razão podem não coincidir com as verdades da fé, e vice-versa, o que levava a uma cisão dramática entre filosofia e religião.

Devido a essa cisão e sua força no Renascimento, filósofos como Ficino, sem descartar Aristóteles, teriam procurado restabelecer a autoridade de Platão, como um autor propenso à conciliação entre filosofia e teologia, razão e fé, utilizando o platonismo como o fundamento racional de doutrinas cristãs31.

c) Aristóteles como uma propedêutica à Platão

Em uma carta destinada a Ficino em 1482, Pico della Mirandola comenta que este lhe havia aconselhado, em seu primeiro encontro em Florença, a estudar Aristóteles como uma introdução à Platão32. O próprio Pico escreve no seu Discurso sobre a dignidade do homem, que propunha “o acordo entre Platão e Aristóteles, por muitos já antes considerado possível, mas por ninguém suficientemente provado”33.

Nessa mesma linha de pensamento, Ficino chegou a dizer em uma carta a seu aluno Diacetto, de julho de 1493, que “[o] aprendizado peripatético representa o caminho para a sabedoria platônica, de modo que ninguém jamais é admitido nos confins dos mistérios platônicos sem antes ter sido iniciado nos ramos peripatéticos do aprendizado”34.

Sabidamente, Ficino foi influenciado por neoplatônicos como Plotino, Jâmblico e especialmente Proclo, de quem tirou elementos para a prisca theologia e cuja obra Teologia Platônica evidentemente inspirou a Teologia Platônica ficiniana, obra preocupada em defender a visão cristã sobre a imortalidade da alma contra averroístas e afins. Se não foi uma influência direta do neoplatonismo, a posição concordista de Ficino estava em consonância com os neoplatônicos, pois, em graus variados, eles defendiam uma conciliação entre Platão e Aristóteles35. Curiosamente, para encerrar este texto, escreveu Marino de Samaria sobre Proclo:

Proclo leu todos os tratados de Aristóteles sobre lógica, ética, política, física e sobre a ciência que se eleva acima de tudo isso, a teologia. Solidamente equipado com esses estudos, que, por assim dizer, são uma espécie de iniciação preparatória ou mistérios menores, Siriano conduziu Proclo aos Mistérios Maiores de Platão, procedendo de maneira ordenada, e não, como diz o Oráculo, “saltando sobre o limiar”. Assim, Siriano levou Proclo a uma visão direta e imediata dos mistérios realmente divinos contidos neste filósofo, pois quando os olhos da alma não estiverem mais obscurecidos como por uma névoa, a razão, livre da sensação, pode lançar olhares firmes para a distância. (Vida de Proclo, XIII)

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