O que de mais remoto me lembro:
meus pais tomando o café da manhã
na casa da Rua Zalony. Na ponta dos pés,
tento alcançar alguma coisa na mesa.
Ele levanta, ela o acompanha até a porta.
Enquanto isso, pego a fatia de salame.
Agora, estou seriamente engasgado. Num
lampejo inédito, terrível, tenho consciência
de que estou vivo — e que vou morrer.
De volta à cozinha, minha mãe me pega, tropeça
e cai. O impacto do tombo livra a minha garganta:
— Ah, como é bom respirar.