“Referencio o passado ancestral para assim conduzir as gerações futuras”
Em Por Que Arte?, artistas brasileiros são convidados a responder um questionário sobre os sentidos da sua prática. A série é publicada no Instagram da Úrsula e aqui no site, antes lá ou antes cá.
Nesta postagem, trazemos a artista visual Ione Reis.
Por que fazer arte?
Minha poética artística se constituiu a partir do momento que comecei a me questionar sobre a forma em que se davam as representações especificamente no campo das artes. Percebi que a maior parte das/os artistas ali reverenciadas/os eram pessoas brancas que nada me representavam. A partir disso entendi que a construção de um olhar autônomo, em que pessoas pretas se colocam como agentes criadores, surge como uma contra-narrativa, um movimento de oposição ao olhar hegemônico do sujeito branco.
O que você quer quando cria?
Usar as minhas obras como um dispositivo de emancipação, representação, valorização para adultes pretes e infâncias negras e também conscientização para uma não hierarquização de infâncias não negras. Meu objetivo é através dos meus desenhos e pinturas naturalizar para toda e qualquer criança o poder da ancestralidade e a riqueza que ela tem. No papel de consumidora de arte, sei da importância em estar ocupando esse lugar como mulher preta e produtora, isso simboliza na prática o que é representatividade. Dessa forma sigo o caminho de referenciar o passado ancestral para assim conduzir as gerações futuras.
O que você espera do público?
Mudar as noções de referências imaginativas, principalmente em espaços como galerias de artes, cinemas, revistas, livros infantis e outros produtos culturais.
Do que precisa a arte brasileira?
De mergulhar em suas verdadeiras identidades e raízes, que são elas pretas e indígenas.
Indique cinco artistas contemporâneos
Kika Carvalho, Natan Dias, Larissa Souza, Manuela Navas, Castiel Vitorino.