“Que o trabalho de arte seja tanto um substantivo quanto um verbo à solta”
Em Por Que Arte?, artistas brasileiros são convidados a responder um questionário sobre os sentidos da sua prática. A série é publicada no Instagram da Úrsula e aqui no site, antes lá ou antes cá.
Nesta postagem, trazemos o artista visual Helô Sanvoy.
Por que fazer arte?
Não penso que arte precise de um “por que” para ser feita. Mesmo a arte sendo uma consequência da cultura, entendo que fazer arte se relaciona com modos de ser, pensar e se colocar no mundo, e fazemos essas coisas porque vivemos e tornamos esses atos como parte do viver. Dito isso, dentro do contexto da história e da cultura, podem ser atribuídos “porquês” ao processo do fazer arte, desde a necessidade de se expressar a processos de posicionamentos políticos. Pessoalmente, não penso em motivos específicos para fazer arte, entendo que em períodos da vida aparecem questões e situações diversas, e a vontade de lidar com essas questões é manifestada em trabalhos de arte.
O que você quer quando cria?
Quando crio, quero criar. Entendo que um trabalho de arte sempre levanta questões. Entretanto, entendo que os trabalhos mais interessantes têm uma autonomia, essa autonomia necessita se desprender do “querer” de quem a fez, e que o trabalho seja tanto um substantivo quanto um verbo à solta.
O que você espera do público?
Que lidem de forma autônoma com o trabalho. Acredito que não seja papel de quem faz arte ter expectativas ou atribuir funções ao público ou ao trabalho.
Do que precisa a arte brasileira?
Pensando de forma institucional, a arte feita no Brasil necessita de processos de inserção, incentivo, manutenção, crítica etc, tanto para o público quanto para a arte e para os artistas. Fora do campo institucional, gosto da complexidade e dos múltiplos campos de possibilidades que surgem das diversas personalidades e regiões do Brasil. Penso nessa multiplicidade que está muito além da minha visão particular.
Indique cinco artistas contemporâneos
Gilson Plano. Sallisa Rosa. Luiz Mauro. Paul Setúbal. Carlos Monaretta.
