Até que um dia, se apaixonou. No entanto, esse amor não era bom

Em uma linha espiralar
Não tão distante da que rege agora
Havia um pássaro de codinome fun.
Fun
Exalava vida
E cantava as mais belas cancões que o mundo já ouvira
Até que um dia
Em uma de suas aventuras
Se apaixonou
Se apaixonou por uma espécie que não era a sua
Cego
Pelo amor que sentia
Resolveu experimentar esse amor que surgia
No entanto
Esse amor
Não era bom
O pássaro livre
Se tornou
Prisioneiro
Suas asas
Foram podadas
E não podia cantar a música que tanto gostava
Eram inúmeras restrições
Reclamações
Fun
Foi engolido
Engaiolado.
Existia
Somente
Para suprir o delírio
Do ser que dizia lhe amar/
No alto
Do quinto andar
Enxergava apenas
O 52 gravado na porta daquele lugar
Lugar que chamavam de lar
Que apesar do nome familiar
Não se parecia
Com o que viveu
Ou desejava experienciar
Aos poucos
Foi percebendo
Que tinha algo errado
Mas era difícil se desvencilhar
E o ser
Não parava de
Culpabilizar
Manipular
Até que um dia
Odu escutou
Fun sussurrar
Pedindo ajuda
Pra sair daquele lugar
Observando cada situação
Odu constatou que ali
Realmente era uma prisão
Então…
Decidiu ajudar
Estava decretado
Fun
Seria libertado
Resgatado.
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Enquanto
A liberdade não acontecia
A vida seguia
Seguia pesada
Cercada de medo
E uma sensação/estado constante
De morte
Enclausuramento.
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De feitura simbólica, uma quebra do silêncio. O pássaro livre tornou-se prisioneiro de agressões sofridas, marcas corpóreas. O canto de liberdade, porém, está no tempo, está acontecendo. O poema “A soltura de Fun” é uma história.
A prisão ou o encarceramento de Fun | Bordado de Anna Bueno