Como se faz uma economia que ajude os pobres?

Ganhadores do Nobel, os autores de A Economia dos Pobres usam a ciência para melhorar as condições dos que estão na miséria

imagem: Irene Perino

Anos atrás despertou em mim um interesse pela economia, o que não é algo muito comum para quem estuda nas áreas de humanas “pura”. Principalmente quando o interesse é por um aspecto mais científico, por uma economia mainstream. Isso causou, inclusive, certo estranhamento em uma amiga próxima. Ela, no curso de Letras, eu, no de Filosofia; havia mais ou menos no nosso meio uma percepção dos economistas como inimigos. Com efeito, pode-se encontrar sem tanto esforço economistas que cumpram bem o estereótipo: homens de grupos privilegiados, que demonstram certa insensibilidade com os mais pobres, talvez preocupados demais apenas em agradar o mercado, toda a aura farialimer. E, claro, minha amiga sabia que o estereótipo não tinha nada a ver comigo. Mas, então, o que eu estava buscando?

Veja também:
>> “Como a economia se tornou uma religião“, por John Rapley
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Uma forma de responder a essa pergunta poderia ser o livro A Economia dos Pobres: uma nova visão sobre a desigualdade, de Abhijit Banerjee e Esther Duflo. Longe daquela caricatura, aqui conhecemos os estudos de dois economistas que ganharam um prêmio Nobel (juntos com o também economista Michael Kremer) por usar a ciência a favor dos mais pobres, sendo Duflo a mulher mais jovem (e segunda da história) a conquistar um prêmio na categoria. Eu também, quando daquele meu interesse, queria pensar nas possibilidades da economia para abordar as complexas dificuldades sociais do nosso mundo. Afinal, essa ciência, pode-se dizer, é o estudo sobre como funcionam os recursos na sociedade, então por que não entender por meio dela as questões de maior interesse da população?

Um tempo depois daquela ocasião com minha amiga, quando eu já estava por estudos informais conhecendo mais o assunto, ela me perguntou se afinal eu já tinha descoberto se a economia não era de todo mal e realmente poderia ajudar a sociedade. Eu respondi que o que eu tinha percebido é que a economia é uma ferramenta. Uma forma de estudo que pode ser usado para os diferentes interesses. Existem, claro, os economistas que terão uma preocupação fria com a eficiência da máquina do mercado, e outros até que parecem mesmo querer o benefício dos mais ricos em detrimento do povo (não seria exagero citar Paulo Guedes). E do outro lado existem também os que querem aplicar essa ferramenta buscando modos de melhorar condições econômicas para todas as pessoas.

Esse último é o caso dos autores deste livro, como podemos verificar pelo seu trabalho. Banerjee nasceu na Índia e se mudou para os Estados Unidos, onde leciona economia, e se casou com Duflo, também já uma economista e de origem francesa. Podemos ver no livro a experiência e proximidade que Banerjee tem com seu lugar de origem, um país em desenvolvimento e com muita pobreza. Eles conduziram estudos na Índia com outros pesquisadores, buscando com experimentos científicos soluções para as dificuldades sociais da população. O livro expõe suas pesquisas, mas também várias outras de abordagem semelhante, produzidas por outros pesquisadores em outros países em desenvolvimento, chegando mesmo em alguns pontos a tratar do Brasil.

Quando penso nas vantagens do estudo da economia para ajudar os mais pobres, me parece que um ponto relevante é que nem sempre vamos conseguir um resultado bom só porque o queremos. Isso é algo que os autores explicitam no final do livro:

“Boas intenções são provavelmente um ingrediente necessário para boas políticas, mas não mais do que isso. Políticas muito ruins às vezes nascem das melhores intenções, devido a uma leitura equivocada de qual é o verdadeiro problema.” (p. 290)

É tentador pensar que estamos defendendo os melhores ideais, temos  o coração no lugar certo, então tudo vai se realizar da melhor maneira. Porém, nem sempre um sistema complexo como o das sociedades organizadas vai funcionar do modo como esperamos. Por vezes uma política pública produz os resultados contrários do que pretendia. Buscar entender quais são as intervenções mais adequadas para alcançar nossos valores é algo muito atrativo na economia, certamente um dos motivos que me aproximaram a ela.

Não se trata de fazer um estudo sem escolher lados, sem ideais, mas precisamos observar e entender o que funciona, testar se uma política pública realmente alcança o resultado que buscamos por causa de nossos valores, ou se não alcança.

O choque de visões econômicas e a escolha entre elas

No começo do livro os autores nos apresentam algumas visões sobre como ajudar os pobres defendidas por economistas reconhecidos na área, estudiosos que têm respostas prontas e grandes teorias para todos os problemas dos pobres. E eles divergem entre si. Veja, eles não discordam porque são maus, estão do lado do inimigo, querem secretamente se aliar a quem quer explorar os pobres – quando falamos sobre esses temas é muito fácil cair na armadilha de estereotipar quem discorda de nós. Dufle e Banerjee, porém, nos acentuam, na página 20, que “ninguém que participa desse debate discorda realmente da premissa de que devemos ajudar os pobres quando podemos”. São pesquisadores que dedicam anos de suas carreiras para estudar o tema. Ainda assim, eles possuem visões de mundo diferentes e se prendem a argumentos que os levam ao seu pensamento particular. E suas ideias se chocam, de modo que alguém precisa estar errado. E como escolhemos o correto?

Primeiramente, precisamos explicar o que pensam esses economistas. Ao longo do livro é muito citado Jeffrey Sachs, que defende a ajuda internacional, pois os países pobres estariam presos em condições que impediriam seu desenvolvimento sem ajuda externa. Com “ajuda internacional”, estamos falando de envio de recursos, de dinheiro. Do outro lado, William Easterly e outros defendem que apoios desse tipo fazem mais mal do que bem. Segundo eles, os recursos enviados acabam por corromper instituições locais (não é difícil imaginar que, com a entrada de muito dinheiro doado, alguns intermediários acabem desviando uma parte) e impedem as pessoas de buscar suas próprias soluções. A ideia é que com mercados livres e incentivos corretos os países poderiam crescer de modo independente.

Tem uma analogia interessante citada no livro que ajuda a pensar esse conflito de ideias. Ela foi elaborada pelo filósofo Peter Singer, que a usa para defender a necessidade de ajudar os outros quando podemos. Ele diz que a maioria das pessoas acredita que deveria pular num lago para salvar uma criança se afogando, mesmo que isso estragasse nosso terno de mil dólares. E que objetivamente não tem diferença entre a criança se afogando e as milhões de crianças que vão morrer na pobreza, o que implica que deveríamos doar o dinheiro. Mas Banerjee e Duflo nos trazem um contraponto: para isso nós precisamos conhecer maneiras de ajudar os pobres. E saber disso não é tão fácil. Pode ser que uma política que planejamos e na qual aplicamos o dinheiro do nosso “terno” acabe não funcionando. Eles brincam que o imperativo moral de Singer se torna mais fraco se o dono do terno não souber nadar.

Novas formas de pensar, para escapar de um debate viciado

Algo a se notar nos discursos sobre ajuda internacional, especialmente o segundo, é o quão facilmente podem ser alinhados com uma ideologia, uma deles sendo o liberalismo econômico. Ainda assim, Duflo e Banerjee não constroem em nenhum momento o debate nesses termos. Eles se referem a defensores de ideias semelhantes às de Sachs e Easterly fazendo uso de uma expressão local, chamando-os de wallahs da oferta e o seu oposto wallahs da demanda. A palavra “wallah” significa “fornecedor”, e é usada em sobrenomes indianos. Sachs seria um wallah da oferta porque acredita que tudo se resolve simplesmente ofertando aos pobres o que carecem, enquanto Easterly seria um wallah da demanda, já que defende que o melhor é criar as condições para que as próprias pessoas criem demanda e isso leve a desenvolver um comércio local que a supra. A escolha de fugir de uma nomenclatura política viciada parece uma tentativa de propor um debate que aborde mais as questões práticas envolvidas e que não seja contaminado por nossas pré-concepções políticas. De fato, eles não parecem concordar inteiramente com nenhum dos lados.

Temos como um dos pontos centrais do livro a crítica que Banerjee e Duflo fazem do modo como se leva esse debate, tentando resolver a condição dos pobres com um conjunto de crenças fechadas. Grandes esquemas de ideais, como os de Sachs ou Easterly, com lógicas que fornecem soluções para vários problemas diferentes e que possuem dos dois lados bons exemplos que as embasam e mostram que estariam certos. Mas nossos autores defendem que nós não vejamos a coisa como um único grande problema.

Quando pensamos na pobreza assim, de modo quase abstrato, uma força que assola a humanidade pela história, acabar com ela soa como uma tarefa impossível. Mas os ganhadores do Nobel foram laureados justamente por propor uma perspectiva diferente, entendendo que o grande problema nada mais é que um conjunto de pequenos problemas pontuais, e que esses sim podem ser identificados, estudados de forma mais detida e exata, e combatidos.

“Este livro é um convite a pensar de novo, novamente: afastar-se do sentimento de que o combate à pobreza é avassalador demais e passar a pensar na questão como um conjunto de problemas concretos que, devidamente identificados e compreendidos podem ser resolvidos um de cada vez.” (p. 17)

A perspectiva mais detida dos autores nos permite mergulhar em questões de extrema importância ética e política, porém com um olhar técnico. Provavelmente muitos leitores vão estar muito mais inclinados a tomar o partido dos wallahs da oferta e pensar que temos sim que garantir a ajuda aos pobres. Porém, e se nós tivermos um estudo científico muito confiável (vamos falar mais deles abaixo) que mostra que, num assunto específico, a proposta dos wallahs da demanda é a que funciona melhor para resolver aquela dificuldade e ajudar as pessoas? O que importa afinal é ajudar as pessoas, não é? Os autores se esforçam para identificar o que traz os resultados que queremos, o que realmente muda a vida das pessoas pobres, sem dar importância se a solução se encaixa melhor nas ideias de um grupo de economistas ou de outro, ou numa ideologia. De todo modo pode-se ressaltar que atentando aos melhores estudos disponíveis e buscando propostas com base neles, na maioria das vezes é sim importante uma intervenção que busque ajudar os pobres, ainda que seja muito mais relevante a forma como essa intervenção é feita.

A mentalidade e as escolhas dos mais pobres e a armadilha da pobreza

Algo que a obra nos mostra ao longo dos capítulos é um respeito pelos pobres e suas capacidades e escolhas. O livro relata em vários momentos estudos que foram feitos com populações locais com enfoque em problemas específicos, como acesso a consultas médicas, projetos de saneamento, empréstimos de instituições financeiras direcionados aos pobres etc. Em todos eles nós mergulhamos nas perspectivas de pessoas comuns que participaram dos estudos e foram entrevistadas. Por vezes, sentimos como que um exercício de humildade da pesquisa, porque os pobres possuem atitudes à primeira vista sem muito sentido e que os levam a se manter na pobreza, isso se olharmos com a visão distante de uma economia com respostas prontas. Porém, conforme o estudo se desenrola e os pesquisadores passam a entender mais a fundo o problema, nós percebemos que as escolhas dos pobres faziam, sim, muito sentido, e era o mais racional a se fazer com as condições que tinham. De um modo geral esse livro é também sobre entender a mentalidade dos mais pobres, a sua psicologia mesmo. Só é possível ajudá-los a melhorar suas vidas se compreendermos o porquê das suas escolhas e como podemos oferecer outros caminhos e outras escolhas para eles. Soluções mesmo que bem intencionadas como a dos wallahs da oferta vão falhar se a gente estiver olhando de fora sem fazer ideia de como é a vida do pobre, isso só vai nos levar a ofertar algo que eles não querem ou que não iria mesmo resolver suas dificuldades.

Sobre esse tipo de problema prático um dos conceitos mais relevantes que o livro nos apresenta é o de armadilha da pobreza. A ideia é que certas situações prendem o pobre de modo que ele não pode melhorar de vida porque não tem o mínimo necessário para poder começar a investir, e que assim que tivesse um pouco mais de dinheiro aquele investimento iria gerar um crescimento muito grande. Um exemplo é dos agricultores pobres que não têm dinheiro para comprar fertilizantes. Se pudessem, isso iriam aumentar muito a produtividade de seu cultivo e trazer um retorno muito maior da venda de sua produção. Uma armadilha da pobreza mais triste é a da nutrição: trabalhadores braçais são mais produtivos quando mais bem nutridos, e poderiam ganhar mais com seu trabalho se tivessem já recursos para melhorar sua alimentação. A existência dessas armadilhas parece nos mostrar que é preciso ajuda externa para romper o ciclo, e isso é correto, embora não seja tão simples. Tem situações em que as pessoas fazem escolhas diferentes da esperada, como é o caso de uma família com má nutrição, que, quando lhe é oferecido um subsídio de alimentos básicos, usam o dinheiro extra para comprar comidas mais saborosas e menos nutritivas. Contudo, nem todos os problemas que os pobres enfrentam recai no formato de uma armadilha da pobreza.

Método científico aplicado no combate à pobreza

Um grande diferencial desses autores é um uso de uma forma especialmente confiável de fazer pesquisa. Uma ferramenta de testes amplamente usada em ciências é aplicada pelos autores para aferir os dados em que o livro se baseia. São os chamados ERCs, os ensaios randomizados controlados, modelo muito utilizado na medicina, por exemplo. Neles é preciso fazer um experimento em que os testes são aleatorizados para evitar vieses e podermos testar o resultado em uma amostra, comparando com um grupo de controle.

Assim, quando querem testar se é uma boa política pública a distribuição de mosquiteiros (aqueles véus que cobrem a cama para proteger de mosquitos) como forma de prevenir a malária, doença transmitida por esses insetos, uma organização pode utilizar seus recursos para distribuí-los em algumas aldeias específicas, escolhidas aleatoriamente, numa região afetada pela doença. Depois é possível comparar os dados da quantidade de casos de malária nas aldeias contempladas em comparação com as vizinhas que não receberam mosquiteiros. Os estudos apontados no livro testam não apenas se os mosquiteiros funcionam, mas a forma de disponibilizá-los, se é mais eficiente vender com preço subsidiado ou fornecer de graça etc. Os autores apontam o fato de que a malária é um problema muito grave não apenas de saúde, mas afeta toda a vida das pessoas atingidas, diminui sua produtividade, sua renda, atrapalha o desenvolvimento de um país.

Com a ajuda dos ERCs, o texto nos permite entender diversas questões diferentes associadas a pobreza, e apresenta proposta de soluções testadas nesses estudos. Cada capítulo apresenta um tema diferente, em toda a sua complexidade, e de que modo os ERCs os informam.

O primeiro capítulo é mais introdutório. No segundo, é abordado o problema da nutrição, se ele é ou não uma armadilha da pobreza, e porque os pobres não escolhem se alimentar melhor mesmo quando podem. Traz informações relevantes sobre acesso a calorias e sobre como a falta de micronutrientes impacta o desenvolvimento de crianças.

O capítulo 3 comenta os impactos da saúde na pobreza. Malária, diarréia, acesso a tratamento médico. Uma questão central dessa parte é entender porque alguns problemas graves de saúde possuem soluções simples e realmente baratas e mesmo assim não são usadas.

O capítulo seguinte é sobre educação. Nessa quarta parte é apresentado o impacto dos anos de estudo no aumento de renda e os motivos do fracasso das escolas. Embora seja um dos problemas mais complexos, existem programas sociais educacionais que tiveram resultados bastante sólidos e nos indicam caminhos.

Já no capítulo 5 é abordado o problema da superpopulação e sobre como existem diversos prejuízos causados por ter uma família grande. Políticas de controle forçado da reprodução durante a história foram uma péssima ideia, então é preciso entender o que leva os pobres a querer ter muitos filhos.

A partir daí, a parte seguinte do livro trata de instituições e aborda diversas questões financeiras. O sexto capítulo é sobre como os pobres organizam suas finanças e sobre como estão sujeitos a riscos muito grandes, comparáveis aos investimentos de maior risco que um profissional do mercado financeiro teria. Essa situação explicam muito dos resultados que os pobres acabam tendo. O texto discute os modos informais como eles lidam com os riscos e sobre o acesso a seguros para cobrir esse problema.

O capítulo 7 é sobre empréstimos para os pobres. Porque eles têm mais dificuldade de consegui-los, e sobre iniciativas de microcrédito que pretendem ajudar essas pessoas, e o que as pesquisas nos mostram sobre a efetividade deste microcrédito.

Já no oitavo capítulo os autores abordam a questão de porque os pobres economizam pouco dinheiro, que é mais complexa do que pode parecer. No capítulo 9 é abordado o empreendedorismo entre os pobres e porque na maioria das vezes ele não funciona para superar a pobreza.

Por fim, o capítulo 10 trata de políticas públicas e as diversas complexidades que elas enfrentam. Esse é talvez o capítulo mais importante de todo o livro, pois fala de como podem ser feitas as soluções por meio da intervenção governamental. Os autores insistem na importância da atenção aos detalhes e em pesquisas sobre o que efetivamente está funcionando ou não, e que um grande problema é querer aplicar nas políticas públicas nossas ideias prontas, o conjunto todo, sem avaliar as questões concretas.

Minha vontade era resumir aqui todas as soluções apresentadas em cada capítulo, as conclusões que os estudos nos trazem. Mas isso seria poupar os leitores dessa resenha de lerem também por si mesmos o livro, que faz essa exposição de modo muito melhor do que eu poderia.

A leitura desse livro proporciona para um sincero interessado a sensação heróica de finalmente ir descobrindo aos poucos, pedacinho por pedacinho, as melhores soluções que conhecemos até agora para os problemas mais sensíveis da humanidade. É um texto acessível para quem não é da área e eu diria que pode ser uma base obrigatória para o debate socioeconômico.

Eu ainda hoje não sou um economista, meu interesse informal me levou pelo tema através de diversas abordagens, mas esse livro talvez seja mesmo a resposta mais direta para meus anseios que começaram anos atrás. Não digo que ele é uma grande resposta fechada para as dúvidas, porque ele não quer ter essa abordagem, mas é antes um cuidado com cada pequenina dúvida, e na sua abordagem mais prática é mesmo um alívio para a preocupação com o problema que olhado em conjunto parecia sem solução.

Autor

  • Bacharel em filosofia, largou um mestrado em filosofia da ciência. Teve formação bem tradicional, mas fugiu para a filosofia analítica. Possui interesse em diversas áreas filosóficas, questões políticas, sociais. Entusiasta da ciência no geral, da economia, e do bom diálogo aberto e democrático com o diferente. Atualmente, está mudando de área de atuação, estudando programação e tentando escrever romances no tempo livre.

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