Saudosa Elis, Elis Querida

Sensações do show Viva Elis, no belo horizonte mineiro

Neste domingo, ouvi a serra do curral cantar.

Ecoava uma voz familiar por entre as montanhas, embaixo de um céu “azulzin”.

Tudo conspirava para um encontro lindo.

Entrando no parque, um caminho de luz. O som parecia vir lá do alto. Mas o palco tava era ali num canto, num lugar que de forma alguma fazia jus à homenagem que se prestaria.

Aquela voz não cabia lá. A emoção também não.

É a vida ensinando pra gente que o que vai embora é mesmo só o corpo. O som ainda ecoava por entre as montanhas, as sensações tão latentes, mesmo depois de 30 anos sem Elis.

O legado foi pra Maria Rita. Ela pigarreou – eu percebi. A voz parecia entalada, porque dali, voz e emoção não davam conta de saírem juntas. Ela cantava, emocionada, com os olhos sempre voltados para cima.

Um misto de música e prece se fez presente tanto no palco, quanto na plateia. 9 mil pessoinhas envolvidas num corrente de oração e voz. Saudosa Elis, Elis querida.

Quando fechava os olhos, me sentia em outra dimensão. A voz não era da intérprete. A voz que saía da filha não pertencia a ela. Elis tava ali, e o céu foi testemunha.

Eu particularmente gostei foi das olhadelas na partitura. A imensa vontade de fazer jus à cada palavra produzida pela mãe, na entonação exata, no tempo certo… era tudo vontade de não representá-la. O que a define como artista de verdade, na minha opinião. Ela nunca quis tomar o lugar da mãe. Ela nunca quis sequer ser comparada – por mais semelhante na competência e na fisionomia – ela quis ser o tempo todo somente a filha orgulhosa, agradecida, enaltecida.

Em suas vestes brancas, linda, serena, completamente dominada pela emoção, era só luz.

E as bolhinhas de sabão colaboravam pro contexto lúdico.

Ora Maria, ora Rita, ora Filha, ora Elis.

Era tudo feito de alma.

Fernanda Mol
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