A América Latina em ressonância: ouça a pluralidade da cúmbia
Cumbe, em quimbundu, significa luz, sol, chama ou fogo. O termo é uma das prováveis raízes etimológicas da palavra cúmbia, que nomeia tradicionais ritmo e dança colombianos cujas origens são bastante discutidas. Alguns afirmam que o gênero remonta às sonoridades indígenas da região da Depressão Momposina, no norte do Colômbia, enquanto outros o referem à musicalidade criada no África ou por populações diaspóricas estabelecidas em Cartagena. De fato, do ponto de vista dos instrumentos usados, há tanto aqueles da cultura índigena – flautas, gaitas (como o kuisi) e maracas –, quanto tambores africanos. Por conta disso, parte do debate se concentra na possível mescla de tradições indígenas, negras e, em menor medida, espanholas.
Apesar do seu berço colombiano, a cúmbia se tornou um dos ritmos musicais que mais se espalhou pela América Latina espanhola, e mais recentemente, de maneira mais tímida, pelo Brasil. Esta capilaridade possibilitou uma diversidade de subgêneros que carregam identidades musicais de cada região da américa latina. No Peru, a cúmbia se mesclou à guitarra elétrica e deu origem à cúmbia psicodélica. No México, um dos resultados foi a cumbia rebajada, com forte presença de sons sintetizados e andamento mais lento. As recriações são inúmeras e as influências da cúmbia pelo continente são as mais diversas possíveis. Para celebrar essa sonoridade que se espalha, se reinventa e faz ressoar a Latinoamérica, criamos esta playlist, um canto utópico por um novo mundo.
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