Clarissa Deggeroni nos envia o poema “Banquete dos Hipócritas”, que vai do indigno à redenção
Clarissa Deggeroni é de Passo Fundo (RS). É formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e estudante de Licenciatura em Sociologia pela Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS). Publicou crônicas e poesias em jornais e internet. Segundo ela: “Escrever para mim é esculpir palavras com as pedras que a vida me joga”.
Banquete dos hipócritas
Primeiro ato: o convite para a festa
Celebrem, todos os momentos
Em que viram o sorriso do meu rosto sumir
Celebrem a soberba, brindem
Ao orgulho travestido de humildade
Celebrem a mediocridade
Enquanto suas carnes apodrecem
Celebrem as próprias mágoas
Como se grandes vitórias fossem
Segundo ato: o banquete
Sentem-se, bebam o cálice
Cheio do meu sangue de criança tola
Celebrem o ápice
Da alegria
De seu sorriso maldoso
Fartem-se com a carne alheia,
Que sobrou na sola de seus pés pontiagudos,
Após um sendo justiceiros imundos
Terceiro ato: o fim da festa
De celebrar o que virá, não esqueçam:
A cova já se forma diante de vocês
Mas houve Vida em suas almas? Não!
Esse, pois, é o triunfo do divino
É o que me faz acreditar no Bem,
Na bondade humana e no olhar sem
Falsidades ou hipocrisias
É o que me faz não desistir da poesia,
Do olhar que é singelo e ardente
Do olhar pedinte
Não só de pão,
Mas de palavras
Que alentem a solidão