“O que quero é causar espanto, incômodo, dar porrada, ao mesmo tempo oferecer beleza e transbordamento”
Em Por Que Arte?, artistas brasileiros são convidados a responder um questionário sobre os sentidos da sua prática. A série é originalmente publicada no Instagram da Úrsula e depois trazida aqui para o site. Nesta postagem, trazemos o artista visual Rodrigo Linhares.
Por que fazer arte?
Não é escolha, é precisão, como diria a sabedoria sertaneja. Esse talvez seja um dos grandes mistérios da arte, não?
O que você quer quando cria?
Eu acho que criação é um momento anterior ao fazer artístico, e muito solitário. Quando estou no fazer, aí sim penso no que quero. E o que quero é causar espanto, gerar incômodo, dar porrada, ao mesmo tempo oferecer beleza e transbordamento.
O que você espera do público?
O artista sempre espera um retorno do público e se esse retorno vier com reconhecimento melhor ainda. É disso que o artista vive. Grana? A gente se vira como pode fazendo outras coisas. Você sabe bem do que estou dizendo.
Do que precisa a arte brasileira?
A arte brasileira precisa de um país.
Quais artistas contemporâneos indica?
Na literatura, nesse momento, estou muito impressionado com Ana Maria Gonçalves. Mas amo Roberto Bolaño com sua escrita suja e urgente que parece ser feita sem olhar para trás.
No cinema, neste momento, estou revistando Claude Lanzmann, revendo Shoah e com muita vontade de descobri-lo como escritor. Mas amo a beleza de um Béla Taar.
Nas artes plásticas indicaria Sandra Cinto, pela beleza do encontro por meio da arte e pela ética, Paulo Herkenhoff, pelo amor à arte, e Arnulf Rainer, pela porradeira.
Na música estou sempre ouvindo muita coisa produzida por brasileiros, influenciado pela minha companheira, que é produtora musical. Mas gostei bastante de duas músicas do último álbum do Strokes, The New Abnormal, “Ode to the Mets” e “At the Door“, nessa ordem.