General da reserva prevê “contra-golpe” caso Lula seja eleito, diz revista Piauí

Cenário, segundo o militar, seria “pouco provável”, mas “previsível”

A jornalista Ana Clara Costa, no episódio 183 do Foro de Teresina, podcast de política da revista Piauí, relatou o depoimento de um general da reserva não-identificado sobre as conversas entre militares a respeito dos resultados da eleição deste ano. Descrentes das pesquisas que mostram Luis Inácio Lula da Silva na dianteira das intenções de voto (como as do PoderData, do Ipec e do Datafolha) e convictos de que Jair Bolsonaro será reconduzido à presidência, para esses militares a vitória de Lula seria considerado um “golpe” que poderia levar à “revolta militar”.

O comentário da repórter, que trata, no geral, das relações atuais entre governo federal e Forças Armadas, começa no terceiro bloco do programa, em 42’32’’. Ana Clara informa que conversou com dois generais, um da reserva, outro da ativa, de modo a obter um “coeficiente” das opiniões muito distintas desses grupos — a reserva, segundo ela, abrigando posições mais radicalizadas, e a ativa tendendo “a externar uma posição mais sensata, serena, dentro do que é possível”.

Entre as perspectivas que ela coligiu estão essas sobre os resultados das eleições: “O general de reserva com quem eu conversei, as conversas que ele me relatou, [afirmam]: eles não acreditam nas pesquisas. Acham que as pesquisas estão fraudadas, feitas com metodologia não conhecida ou metodologia errada, que isso não pode mostrar o retrato da população. Então, ele me conta que, nesses grupos, eles acreditam na reeleição de Jair Bolsonaro. Ponto”.

“E caso as pesquisas estejam corretas e o Lula ganhe”, prossegue ela, “eles não descartam uma revolta militar, o que eles classificam como contra-golpe, porque eles classificariam a eleição do Lula como um golpe”. Esse projeção, porém, não é dada como certa. De acordo com Ana Clara, o general da reserva teria dito que “esse é um cenário que é previsível, mas, na minha avaliação pessoal, é pouco provável”. Se ocorrer, teria afirmado ele, isso se dará se houver “uma demanda da sociedade por uma intervenção militar”.

A ativa — ainda seguindo o podcast —, pelo contrário, não anuncia esses problemas. Ana Clara conta que“ não acreditam que exista risco de insurgência em nenhum batalhão, veem as tropas dentro do controle, veem um presidencial tranquila como o cenário mais provável”. Ela ressalta, contudo, a influência do governo federal sobre este setor: “Entre o pessoal da ativa — a gente não pode se enganar — há uma adesão praticamente maciça ao presidente Jair Bolsonaro”, fala a repórter, “e eles se enxergam como parte do governo”. Essa aderência, comenta ela, pode se intensificar neste ano final do mandato, que “será a raspa do tacho das nomeações — tudo que o Bolsonaro puder nomear de militar pra cargos mil dentro do governo vai ser esse ano”.

Ana Clara também indica elementos que podem ser observados para projetar as movimentações nesse contexto: “Uma fonte me disse pra ficar de olho, ao longo desse ano, nas mudanças dos comandos — comando do leste, comando do sudeste, comando do sul, para acompanhar se generais considerados, digamos, mais sensatos e mais institucionalistas, legalistas, serão substituídos por outros mais ligados ao presidente Jair Bolsonaro”.

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