Editorial – Junho-Agosto/2022

Faz tempo que não leio jornais de papel – logo eu, que escrevi sobre lê-los às pilhas –, então não sei se ainda existem encartes. Davam uma sensação distinta da que dão as seções especiais no on-line, que, no fim das contas (a não ser que seja um novo site), são só os mesmos tipos de página sob outra categoria. No papel, um encarte representava desde logo um volume novo para o conjunto do jornal. Carregava-se outro peso e as mãos lidavam com outra quantidade de folhas. Mesmo, às vezes, com poucas diferenças no projeto gráfico, eram uma novidade – algum assunto escapara das abordagens contidas e havia sido alçado à condição de caderno.

Queremos um pouco desse espírito para a nova forma de publicação que Úrsula estreia nesta edição: os – adivinha só! – encartes. Serão especiais esporádicos, vinculados ou não a uma edição, que girarão em torno de um tema específico, reunindo conteúdos de vários tipos. O primeiro encarte é “Então é isso o novo normal?“, uma coletânea de crônicas e contos com perspectivas diversas sobre as experiências do durante e do pós (estamos aí já?) pandemia. A apresentação é da nossa editora de Cultura, Heloísa Iaconis. Até o fim do ano, devemos ter mais alguns encartes. Fique atento ao nosso Twitter e ao nosso Facebook se quiser participar das chamadas de texto.

Os encartes, como maneira de abordar temáticas com outras temporalidade e profundidade, se alinham com as nossas séries. Este número 6 prossegue Da Pesquisa Brasileira – com depoimentos de pesquisadores a respeito dos temas e das rotinas da sua investigação; No Chão da Escola – que entrevista profissionais da educação para falar sobre as dificuldades e potenciais da profissão; e Por que Arte? – a caçula, focada em pequenas entrevistas e galerias de obras de artistas brasileiros. Nestas séries, contamos agora com depoimentos de Milena Buarque, que pesquisa o modernismo brasileiro; Carolina Amaral, professora de filosofia; e Bento Ben Leite e Paulo Von Poser, artistas visuais.

Essas não são as nossas únicas séries; temos também Literatura se Ensina?, em que educadores respondem a essa questão (agora pensando nisso, será que não deveríamos fazer também Matemática se Ensina? e Biologia se Ensina? e outros? Há uma pressuposição aí do artístico não ensinável que pode ser questionada…) e Como Começar?, com criadores que instruem sobre os primeiros passos das suas áreas de expressão (essa está meio parada…). E tem outras também que foram remanejadas para blogs internos, ainda em construção (permaneçam ligados!). Vê-se que elas todas estão bastante focadas no fazer. São fotografias de práticas, são mensagens de fronts distintos.

Geralmente construídas com perguntas fixas, as séries, aqui e alhures, permitem ver como os vários entrevistados respondem às mesmas questões. A comparação entre um e outro e, gradativamente, o mosaico das várias respostas formam um conhecimento valioso.

Que outras séries, quais encartes, vocês sugerem que criemos? Deixem seus comentários e vamos vendo o que desenvolver.

Autor

  • Jornalista formado pela Universidade Santa Cecília. Doutorando e mestre em Ciência da Informação e graduado em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP). Pós-graduando em Filosofia Intercultural pela Universidade de Passo Fundo (UPF). Especializado em Gestão Cultural pelo Centro de Estudos Latino-Americanos sobre Cultura e Comunicação (Celacc), um núcleo da USP. Como escritor, publicou o romance "As Esferas do Dragão" (Patuá, 2019), e o livro de poesia, ou quase, "*ker-" (Mondru, 2023).

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