Deixem as máquinas livres: o inédito álbum “Glitch”, de Ali, eletrônico, pop e experimental

Já com três singles e lançamento completo em agosto, Glitch mescla influências retrô e de artistas como Arca a uma filosofia dos corpos dissidentes

imagem: Marcela Guimarães

O artista Ali, com sua formação em filosofia e sua postura queer, apresentou à Úrsula, em primeira mão, seu Glitch. Com sete faixas, o álbum deve ser lançado, na íntegra, em agosto. Ali, nome artístico de Ali Prando, já esteve antes aqui na revista, com o texto “A Revolução Será Pop ou Não Será“.

Três músicas de Glitch já estão disponíveis no Spotify: “Leite“, “Tecnogênero” e a recém-divulgada “Nem“. O próximo single, com lançamento em breve, deve ser “Regras”.

A palavra inglesa glitch pode ser interpretada como erro, falha. Visualmente, corresponde àquelas imagens tremidas de um canal de TV mal sintonizado. Em termos de som, podemos imaginar ruídos, texturas, paisagens sonoras hipnóticas.

Tendo o passado para dar alicerce aos novos experimentos, o álbum apresenta bagagens retrô (EBM, breakcore, technopop e industrial) aliado ao hyperpop. Artistas como Arca e Sophie são influências ou territórios compartilhados nessa seara.

Em suas letras, Ali exprime insurgências e o existencialismo de inteligências artificiais, algo que nos remete aos “replicantes” do filme Blade Runner, aqui correlacionadas com a cultura queer, tão vigente e cada vez mais ativa e necessária em nosso panorama sociocultural.

No caso, seria o levante não binário e de gêneros – que há muito foi reprimido – contra o status quo da sociedade patriarcal e colonial. Opressão versus resistência. A retomada dos territórios pertencentes, a liberdade para corpos dissidentes. Uma nova ordem mundial decolonizadora.

O miniálbum de sete faixas no qual Ali nos entrega seu manifesto constrói a narrativa desse levante/protesto. A faixa “Tecnogênero”, com uma pegada mais technopop, e a faixa seguinte, “Leite”, de pegada house, podem facilmente ganhar as pistas. “Regras” e “Nem” vão tomando um rumo mais experimental com ecos do EBM e industrial. “Deixem as máquinas livres!”, diz o refrão de “Nem”. “Algoritmos I e II” fecham o álbum com paisagens sonoras densas e desoladoras, levando-nos à reflexão desse embate entre opressão e resistência.

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