Não se Esqueça de Quem Faz as Leis! Dicas para Escolher Bem Senadores e Deputados

Mesmo tendo que escolher vários cargos a maioria das pessoas foca todos seus esforços no presidente. Eu queria lembrar que a escolha dos cargos para o Senado e para as câmaras dos deputados, federal e estaduais, é talvez mais importante. No nosso sistema político, o legislativo tem muito poder e pode inclusive deixar um presidente de mãos atadas.

Essa é a primeira eleição em que vamos poder renovar o congresso, depois de todos os problemas e escândalos que tivemos em nossa política recente. Podemos escolher com cuidado para ter uma mudança na nossa política.

É muito comum um discurso pessimista, achando que todos os políticos são ruins, e talvez isso aconteça mais no caso dos cargos grandes do executivo, em que só as mesmas figuras de sempre têm chance de ganhar, mas o legislativo é justamente o lugar onde podemos ter muito mais opções e partidos menores que não se envolveram em corrupção concorrem e ganham cargos. São os deputados e senadores quem têm o poder de fato para mudar as coisas, criando e aprovando as leis que nos governam.

Infelizmente, as coisas não se renovam porque as pessoas não cuidam de suas escolhas nos cargos menores, e acabam votando apenas por aparência e motivos mais superficiais, em vez de apoiar ideias e propostas de mudança. Para mudar as coisas é importante o enfoque em ideias.

Minhas sugestões são para pesquisar bons candidatos, que estejam de acordo com suas ideias. Para isso a Folha disponibilizou um mecanismo muito bom: o Match Eleitoral. Por meio de um questionário a respeito de vários interesses éticos, políticos, sociais, culturais, o algoritmo alinha o eleitor a alguns políticos com características próximas.

Além disso, uma escolha também para quem não tem tempo de pesquisar, é buscar partidos que representem suas ideias para a sociedade e votar na legenda deles. Não tem nada de errado nisso porque coloca o foco nas ideias defendidas e não em pessoas. Atentem somente a uma regra que passa a valer a partir desta eleição: agora mesmo que uma legenda tenha votos o suficiente só são elegíveis candidatos que tenham pelo menos 10% dos votos necessários como votos diretos — o chamado quociente eleitoral. Assim, se a legenda atingir o número, mas não o candidato, o partido perde a vaga (leia mais sobre isso aqui).

Essa faixa percentual não é alta e ainda é possível o voto em legenda ser útil. Porém, alguns partidos que tradicionalmente recebem mais votos de legenda, como o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), podem ter risco de ter alguns candidatos barrados por não terem os 10%. Por isso é importante tentar escolher um candidato.

Temos muitas opções de partidos mais sérios e pequenos, que parecem ser mais honestos, engajados e rejeitam os velhos grupos já tomados pela corrupção do sistema. Consideramos alguns aqui:

  • Na esquerda, temos o PSOL, do pessoal dissidente que se separou do Partido dos Trabalhadores (PT) quando surgiram os escândalos de corrupção1 . Mantém o enfoque em causas sociais.
  • No centro, temos a Rede, partido que concilia progressismo e causas sociais com pautas de responsabilidade fiscal. Além do Partido Verde (PV), mais tradicional, e que divide com a Rede o enfoque em sustentabilidade e proteção ao meio ambiente.
  • Na direita liberal temos o Novo que mantém o enfoque em pautas econômicas liberais e de responsabilidade fiscal.

Cabe a nós fazermos boas escolhas para mudar o cenário político. Nosso voto nos cargos pequenos tem muito poder para conseguir isso.

Autor

  • Bacharel em filosofia, largou um mestrado em filosofia da ciência. Teve formação bem tradicional, mas fugiu para a filosofia analítica. Possui interesse em diversas áreas filosóficas, questões políticas, sociais. Entusiasta da ciência no geral, da economia, e do bom diálogo aberto e democrático com o diferente. Atualmente, está mudando de área de atuação, estudando programação e tentando escrever romances no tempo livre.

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